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Canibais invadem o centro do Rio! Curtas, longas, debate, festa e etc!

OS CANIBAIS MANÍACOS POR CINEMA DE SANTA CATARINA!!!

Negócio é o seguinte: a Canibal Filmes é a dona do cinema mais transgressor e extremo feito no Brasil na atualidade. Isto já seria suficiente para a MFL homenagear essa galera de Palmitos, cidade mínima do oeste de Santa Catarina, e esse namoro vem desde o documentário “Baiestorf: Filmes de Sangueira e Mulher Pelada”, de 2004. Mas podemos esmiuçar melhor isso. Vamos lá então. Tudo começou em 1991, 1992, quando estes malucos catarinenses com então 18, 19 anos fizeram seus primeiros filmes bagaceiros com VHS – a estréia, “Criaturas Hediondas”, foi filmada com a câmera do pastor da cidade. A edição era de vídeo pra vídeo. Tal atitude já tem méritos nem que seja pela cara-de-pau e pelo tesão em fazer cinema, algo parecido com várias bandas de rock que ensaiavam na garagem sem saber tocar um instrumento sequer, mas que se consagrariam depois. Mas até aí tudo bem; milhares de adolescentes sem nada o que fazer realizaram seu trash de estimação pelo mundo a fora, principalmente na década de 90, quando houve a valorização deste estilo. Mas parece que Petter Baiestorf, o mentor intelectual da Canibal, e sua patota pareceram gostar da experiência e a cada filme eles somavam uma nova ousadia. A coisa deu um salto em 1995, quando Petter conheceu na I HorrorCon, em São Paulo, o gaúcho César Souza (autor de vários super-8 desde o início dos anos 80). Ambos se juntam como Canibal/ Mabuse Produções, uma parceria que durou até 1999, mas que continua até hoje aos trancos e barrancos.

O mais interessante notar na obra da Canibal é que, por mais que seus filmes possam ser considerados “trashes”, na maioria das vezes eles ultrapassam tais clichês com as provocações mais diversas. Baiestorf parece ter o superego abaixo de zero e faz o que bem lhe der na telha, o que não impede o moço ter suas éticas, até devidosuas posições políticas contestadoras (por exemplo: ele é vegetariano, por mais incrível que isso possa parecer para várias pessoas). Explicando melhor: por mais que flertem com o gênero, os filmes da Canibal podem não ser considerados como horror, por mais que o nome da produtora induza a isso. De certa forma, eles seguem a mesma cartilha do hoje consagrado Cinema Marginal, com orçamentos paupérrimos (abusaram disso abandonando a película pelo VHS durante um bom tempo), mergulhando no lixo cultural espalhado pelo mundo, reutilizando o cinema de gênero e promovendo uma anarquia narrativa, regada a muito deboche, sangue e sexo. Neste último sentido, eles se espelham mais em seres como Lucio Fulci, Herschell Gordon Lewis, Russ Meyer, Rugerro Deodatto, George Romero, George Kuchar, Jack Smith, Jesus Franco, José Mojica Marins, entre outros cineastas com fãs no mundo inteiro. Estas características podem ser notadas com a evolução que estes figuras tiveram em sua rica trajetória, que completará 20 anos daqui a pouco. Se em seu primeiro sucesso de público, “O Monstro Legume do Espaço” (1994), já apontava para novos caminhos devido à sua estória amalucada, em “Raiva” (2000) já traziam um enredo desconstruído e cheio de idas e vindas no roteiro (infelizmente não incluímos o filme na programação, pois Petter planeja reeditá-lo). Neste meio tempo, ousaram em muitos sentidos, como em “Blerghhhhh!!!!” (1996), uma galhofa hilária à esquerda brasileira e impossível de se levar à sério, e também nos ultrapolêmicos “Boi Bom” (1998), “Deus - o Caçador de Sementinha” (1997), “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998) e “Gore Gore Gays” (1998), estes três últimos com cenas de sexo explícito. Mas também fizeram seu exemplar mais pipoca, “Zombio” (1999), um autêntico filme de mortos-vivos em que Petter declarou ter sido “preguiçoso” ao fazê-lo “direito”. Ou seja, o moço sabe realizar cinemão se tiver saco (e olha que o filme custou R$ 250!). E outra bizarrias se seguiram nesta trajetória, com vários curtas e longas como “Cerveja Atômica” (2003), “Caquinha Superstar a Gogo” (1996), “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Versus Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha (ou Ainda Bem que Jimi Hendrix Morreu)” (1997), além do livro “Manifesto Canibal” (2002), uma coletânea de textos de Baiestorf e César Souza (também conhecido como Coffin Souza).

A retrospectiva da MFL est&ahttp://www.mostralivre.com/www.mostralivre.comgio à produção mais recente de Petter e seus asseclas, coincidentemente quando eles finalmente trocaram a VHS pela mini-DV. Mas a transgressão ficou intacta e até se aperfeiçoou: “A Curtição do Avacalho” (2006), que abre esta mostra , talvez seja a obra-prima de Baiestorf, com várias afrontas ao espectador e com uma história pra lá de fragmentada e doida. O  próprio diretor interfere mil vezes na trama, muitas vezes junto a um “popular” segurando um cartaz escrito “Morte ao Cinema”, o que não esconde suas intenções... Outros dois médias com nomes bastante sugestivos, “Arrombada - ou Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo” (2007, sátira política e pervertida, talvez o seu mais violento) e “Vadias do Sexo Sangrento” (2008) vão bem de acordo com seus títulos. Neste último, Petter dá um nó na narrativa, dando várias pistas falsas ao público e abusa de sua ironia iconoclasta em diálogos desconcertantes. Ou seja, por mais incrível que pareça ao pudicos, sim, existe inteligência nestas mentes aparentemente acéfalas. Existe e sobra, tudo com inquietação, sarcasmo (ninguém é tristinho aqui) e a atitude punk do “faça você mesmo”. E claro, muito sangue e tripas à granel. Talvez em poucas vezes em sua história, o “livre” da sigla MFL foi tão bem empregado como nesta edição. E que fique claro: TODOS OS FILMES SÃO FORTES E PARA ESTÔMAGOS IDEM. Depois não digam que não avisamos. Ai ai ai.

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Mais da Canibal Filmes aqui.

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Todas as sessões da Canibal nhttp://www.mostralivre.com/;o de idade: 18 anos):

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sessão 01:  “Pirocas deliciosas do sul” 
sessão 02:  "Canastrões bobalhões também filmam”
sessão 03:  "Canibalizando o amor videográfico”
sessão 04:  "Homenagens sem noção dos canibaletes”  
sessão 05:  “Gorelândia ateísta” 
sessão 06:   "Primitivismo kanibaru arrumadinho"









Mostra do Filme Livre 2011
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