Homenagem a Carlos Alberto Prates

Em Brasília

 

Dia 07-05-2013 (Terça-feira) (DF)
18:30 - PRATES 1 :: Crioulo Doido

Dia 09-05-2013 (Quinta-feira) (DF)
18:30 - PRATES 2 :: Perdida

Dia 10-05-2013 (Sexta-feira) (DF)
18:30 - PRATES 3 :: Cabaret Mineiro

Dia 11-05-2013 (Sábado) (DF)
18:30 - PRATES 4 :: Noites do Sertão

Dia 12-05-2013 (Domingo) (DF)
16:00 - PRATES 5 :: Minas Texas - The Old Texas of my Dreams
18:30 - PRATES 6 :: Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais

 

Para além da mineirice: a natureza no cinema de Carlos Alberto Prates Correia

Para me preparar para a missão de rever os seis longasmetragens que compõem a filmografia de Carlos Alberto Prates Correia, fui procurar na coleção de discos do meu pai os LPs do Clube da Esquina. Acabei achando ao lado deles dois LPs de Milton Nascimento dos anos 1970: “Minas” e “Geraes”. Ou, ainda, poderia rever a literatura de Guimarães Rosa: “O mineiro não se move de graça. Ele permanece e conserva. E espia, escuta, indaga, protela ou palia, se sopita, tolera, remancheia, perrengueia, sorri, escapole, se retarda, faz véspera, tempera, cala a boca, matuta, destorce, engambela, pauteia, se prepara. Mas, sendo a vez, sendo a hora, Minas entende, atende, toma tento, avança, peleja e faz”. Mas, para verouvir os filmes de Prates, não é preciso ser mineiro. É preciso ser gente. É preciso ser curioso, é preciso ter gosto pela terra, cheirar uma musicalidade que vem da ponta dos dedos, dos pequenos gestos, dos sussurros e dos gemidos. É preciso gostar de olhar para o mundo, de escutar a prosa das pessoas, de ter gosto de olhar o vento nas folhas das árvores pelas frestas das janelas do trem. Mas é preciso, também, ser um pouco estrangeiro. Um pouco matuto, um pouco desconfiado disso tudo.

Se o cinema de Prates imediatamente nos remete ao cenário mineiro, é pela busca de uma geografia. Mas não apenas uma geografia física, para as amplas paisagens do cerrado mineiro, mas especialmente uma geografia humana, que aponta para uma outra forma de estar no mundo, para os pequenos gestos e tempos do ser mineiro, para o que se esconde por trás do que se revela. Uma geografia da intimidade. Um cinema sobre a natureza.

A natureza. A paisagem que transborda das paisagens de trem. A natureza do Homem que busca o seu lugar no mundo. Os personagens de Prates, esses eternos viajantes, em busca de si mesmos. A frágil mulher de “Perdida”, que encontra a liberdade na prostituição, onde descobre seu próprio corpo. Mas que guarda dentro de si essa alegria triste, esse certo desamparo, esse amante caminhoneiro que vai permanecer no extracampo boa parte do filme. Ainda é possível viver em liberdade?

Em seu olhar singelo para a natureza, para o espaço físico como catalisador de tensões humanas, para o despontar do sexo que se relaciona à descoberta de si mesmo, o cinema de Prates pode ser associado com o cinema de Humberto Mauro, ou ainda com os filmes de Walter Lima Júnior. Seu suposto sotaque mineiro, no entanto, nunca implica em uma inclinação para um cinema regionalista. Por isso, a propalada mineirice do cinema de Prates deve ser relativizada: a natureza do Homem é a de buscar o Seu lugar próprio no mundo. Seus seis longasmetragens abrangem um intervalo de quatro décadas. Em “Perdida”, a mulher simples, de origem humilde, não é retratada a partir da denúncia social do Cinema Novo. Em “Cabaret mineiro”, a descrição realista da paisagem mineira por vezes sucumbe a um certo tom alegórico, mesclando poesia e prosa, passado e presente, lembrança e delírio, o possível e o improvável.
“Noites do sertão”, muito passado em interiores, tem uma atmosfera telúrica, as convenções do interior mineiro também se expressam por meio de uma sexualidade reprimida que parece estar a ponto de explodir a qualquer momento. É possível represar a corrente do rio? A contenção de “Noites do sertão” dá espaço à expansão tragicômica de “Minas Texas” - os dois espaços se encontram em um só nome, sem se paração por vírgula. Encontro partido expresso nos dois lugares que intitulam o fi lme e que se tornam um só: o espaço da adolescência de Prates e o espaço cinematográfi co, o mundo do cinema, o cinema de gênero. O próprio ci nema como invenção de um mundo. 

É preciso ser um pouco criança e um pouco triste para compreender os meandros dos rios do cinema de Prates.       

Marcelo Ikeda

 

“UMA HOMENAGEM JUSTA”

“Ah, se eliminássemos os controles do mundo, quanto trabalho a menos, quantos recursos liberados. Talvez, lá no fundo, os medos sejam as origens dos controles.”

Luiz Fernando Sarmento em: “uma vida incomum como qualquer um” 

 

O real dominante segue sendo muito pobre. Da política ao cinema, o desassossego criativo deixou de existir. No patético cinema de mercado - que mercado, se ele está todo ocupado pelo lixo de fora e de dentro? - não há contradições. O cinema sofre a enfermidade do capital e da sua ideologia barata. Os sonhos são sufocados por uma estrutura de exclusão do talento, de maneira demêncial. Igual ou pior que no regime militar. Antes a censura, como sempre burra, era política. Agora é partidária, burocrática, econômica e também política. É interessante notar como a grande maioria dos “fi lmes” feitos se parecem no conformismo das ideias. O indevassável desmonte da burocracia tornou se impossível. Partidarizou - se o espaço para que só os velhos e “novos” picaretas flmem com os nossos fantoches televisivos, alimentados por uma falsa ideia de poder e sucesso. Ora, expressão criativa para quê, né? O embromômetro é o caça níqueis do euzinho que descobre ser possível ser cineasta do dia para noite, sem a mínima noção de Brasil. Mas que cinema se pode fazer no culto da ignorância? Que signifi cação se pode ter de uma infinita quantidade de “fi lmes”, pautados na bajulação do poder? E que tipo de poder? Da burocracia imunda?

Digamos que o cinema moderno suprimiu a passividade para associar a criação de ideias e imagens, a dignidade do sensível. Ora, como reduzir o processo de criação a metros e metros de fi ta cinematográfi ca, tomada por uma infinidade de fotogramas? Como romper com a introspecção nefasta do capital burocratizado? Como alimentar conteúdo poético,  mercado de traidores por todos os lados? Que percepção limpa se pode ter de um cinema da classe dominante, sem contradição alguma? A imaginação ainda é necessária? Como compreender e aceitar velhas múmias moralmente apodrecidas sem talento algum como cineasta, só defendendo um cinema burro de mercado? Mercado de imitação dos fi lmes de Hollywood, ou dos novelões televisivos! Como assimilar a doce febre do digital, numa multiplicidade de mesmices sem vínculo algum com a vida ou mesmo com a história? Cinema virou isso?

Ora, como lidar com a presença da vontade sempre impossibilitada e contida? Inútil proteger -nos da imaginação, através da qual as frestas da vida vão sendo preenchidas. E, se a irracionalidade protege o louco, o que protege o ser normal? Mas o que é ser normal em um mundo como o nosso? Ou estaremos todos na “Nau dos Loucos” de Jerônimo Bosch? Tenho apreendido muito com o trabalho desenvolvido, mesmo no silêncio, por Santeiro, Tonacci, Yamaji, Ikeda, Edgar Navarro, José Sette, Abelardo de Carvalho, Ana Carolina... Das pequenas s grandes coisas, todas inseparáveis de um objetivo maior: desenvolver a cultura para que o humanismo não se confunda com o individualismo. Todos produzindo a barbárie, só
que de modos diferentes: pela violência direta de culto à repressão - editais, comissões, burocracias, partidarizações, demagogias, esperas, censura, exclusões - e pela violência como espetáculo barato, muito comum na TV. E só um pouco de conhecimento pode nos dar alguma diferença, o que também não permitem. 

Inversamente a esse processo de culto ao horror, a Mostra do Filme Livre faz a sua nova viagem por percepções, talvez a mais original de todas: Carlos Alberto Prates! Nem é preciso justificar essa escolha, justamente por suainadequação ao naturalismo ingênuo e raivoso da atual metodologia fácil e pobre do nosso cinema. Com Prates reencontramos a imagem como força, potência e originalidade. Profundamente sensível e bem-humorado, parte de Minas Gerais para o Brasil. Iluminado (não artificialmente), tem uma percepção original da construção das suas ideias, radicalmente diferentes da TV, que vive da anulação do saber e da sensibilidade. Mas Carlos Alberto não é um experimentador preocupado apenas com o seu umbigo: vai mais longe, pois sempre se preocupou com o público. Mas não como massa de manobra, idiotizado de pernas para o ar 1, 2, 3 e esperem pelo 4, 5, 6...

Digamos que a traduzibilidade sensível do seu trabalho introduz no espectador uma espécie de “ordem” do paraíso perdido. Talvez o seu Estado, talvez a sua infância, talvez o seu bom humor regional, talvez sua formação, talvez...
Uma viagem de Minas Gerais ao Brasil, como um todo mais amplo e complexo. E, mais do que fazer perguntas, buscou respostas para repousar na beleza do sonho do paraíso perdido. O seu cinema poderia ter sido melhor tratado. Assim como o do Tonacci, do Santeiro, do Sindoval Aguiar, do Saraceni, do Navarro, do José Sette, do Ricardo Miranda, de Paulo Henrique Gomes, da Joana Oliveira e mesmo do Gustavo Dahl. Mas todas as articulações dos governos foram no sentido de só trabalhar o lixo cultural e humano. 

Embora não seja um profundo estudioso da obra de Carlos Alberto Prates, me permito achálo uma espécie de catarsis do precioso cinema de Joaquim Pedro de Andrade. Passando por Humberto Mauro, Maurício Gomes Leite, Geraldo Veloso, Paulo Augusto Gomes... Foi como cineasta autoral, muito mais que uma promessa do Cinema Novo, mas uma percepção do diferente, de dimensões muito originais. Brincou com o cinema como no poema de Godard que diz: “Eu brinco? Você brinca/ Nós brincamos/ De cinema/ Você acredita que existe/ Uma regra do jogo/ Mas ela não existe/ E você acredita então/ Que não existe/ Quando existe/ Verdadeiramente/ Uma regra do jogo/ Porque você é/ Uma criança/ Que não sabe ainda/ Que é um jogo e que é/ Reservado aos adultos/ Dos quais você já faz parte/ Porque você esqueceu/ Que é uma brincadeira de crianças/ Em que ela consiste/ Existem várias definições/ Eis aqui duas ou três/ Olharse/ No espelho dos outros/ Esquecer e saber/ Rápida e lentamente/ O mundo/ Em si mesmo/ Pensar e falar/ Brincadeira engraçada/ É a vida.” 

Ou seja, Prates deu plenitude à beleza de não ser vazio ou idiota, muito comum no cinema que se faz hoje em Hollywood e aqui. Sensível como qualidade e concepção, implicou o seu cinema ao país. É um delicado cineasta brasileiro, não brutalizado pelo falso sucesso que também se vive muito no cinema. Bem, minha intenção não é a de cultuálo,mas de lhe dar expressão como autor de experiências não vinculadas ao consumo fácil de aberrações cinematográficas. Prates não foi um banalizador de atores e técnicos. Viveu com todos, caminhos elevados de um processo criativo bastante original e bem-humorado. 

Claro que poderia ter continuado e ter ido mais longe. Mas vive no Brasil, né? País que foi sendo despersonalizado para que o lixo “humano” e cultural impedisse que a verdadeira obra de arte fosse a referência das relações e dos afetos. Para que os Zhdanov do populismo e do não talento se sentissem protegidos e felizes, também com a política cultural de pernas para o ar, onde o irrelevante tornase a superfície necessária e até poder!

Múltiplas são as dimensões essenciais do cinema de Prates, que, ao reinventar imagens da sua Gerais, descobre a singularidade de ser um cineasta clássico, de vanguarda e solitário. Deslizando da literatura de Guimarães Rosa para inquietações e angustias muito suas. Sempre com bom humor. Nelson Dantas, nosso saudoso amigo, me falava dele como um irmão a reescrever com imagens a nossa travessia por um país ainda que iluminado – injusto, burro, oportunista e cruel. Um país dirigido por burocratas de direita, que conseguiram transformar a vitalidade da invenção em um emaranhado de leis, comissões, carimbinhos, esperas, medos e papelotes. Portanto, um país bárbaro e
feroz, inimigo mortal da criação. 

“Crioulo Doido”, “Perdida”, “Noites do Sertão”, “Cabaré Mineiro”, “Minas-Texas”... Quantas expressões vivas de procura, encontros, afetos e superações. Lamento pelo cinema ter se tornado só um mercado sujo de traições, burocracias e prostituição. Tudo que o cinema de Prates, como autor criativo, sempre combateu. Poderia ter alcançado muito mais, mas não há jeito de eliminar a valorização dessa estrutura corrupta de querer ser, aqui, uma nova Hollywood. Mas talvez a “nossa” Quarta Frota seja esse nosso cinema só valorizado pelo capital, sem afetividade alguma. Um negócio de porcos, ratos, burocratas e urubus. Lixo, né? E foi sempre mais fácil esgotar a paciência do realizador e dar ao espectador uma legitimação do horror, imposto como rejeição aos sonhos, poesias e ideias. Prates quis uma autonomia criativa e pagou caro por isso. Foi considerado um estranho por pensar e criar exercitando e vivendo a sua solidão. O florescimento da genialidade do Cinema Novo no seu início deu lugar a um amontoado de lixo de valor duvidoso. Pena. 

Ainda assim, Carlos Alberto Prates trabalhou seu aprendizado de Nação em uma construção de poemas visuais muito bem-humorados, com seu fascínio indo de Rosa ao queridíssimo e saudoso Nelson Dantas, com quem trabalhamos
a simplicidade artística do belo. Talvez o seu modo de filmar esteja na grandeza do encantamento e do sublime. Em um deslocamento do “sucesso” para a reflexão poética muito original. Uma inversão total do cinema feio que se faz hoje, em nome de um vocabulário baixo e medíocre da conquista de mercado e público, sem confrontar em nenhum momento o cinema do ocupante. E, na verdade, o cinema que manda! E isso com apoio de burocratas, empresários, bancos e governos. O que se pode esperar dessa porca união? O que fica claro é que a experimentação - Tonacci, Santeiro, Sette, Veloso, Navarro, Miranda, Paulo Augusto, Abelardo de Carvalho - nunca foi facilitada, pois o elemento da verdadeira liberdade
conceitual sempre apavorou, uma vez que produzia linguagens e revoluções estéticas marcantes, como no seu “Cabaré Mineiro”. 

Prates trabalha uma espécie de criação lúdica--cinematográfica de insights na construção de suas imagens e representação. Sistema que lhe permite uma abordagem livre dos temas que desenvolve, em uma extensa experiência de entregarse
vivamente à energia de cada momento. É interessante, também, notar a importância estética do corpo nu de mulheres bonitas em seus filmes. Não as usa como se fossem um pacote garantido de sucesso, e sim as transforma em ricas expressões regionais poéticas, com isso recusando a ser utilizado como pornochanchadeiro velho ou “novo”. Quer dizer, faz uso da “fé cênica” aplicada em um mundo real mais belo, humano, justo e melhor. E de oposição frontal à valorização da prostituição ee atores e técnicos, muito comum no nosso cinema. O cinema de Prates passa por outras referências analíticas, pois revelanos valores mais nobres oscilando entre o amor e o humano, sem perder o país como referência. 

Mas, por favor, não confundilo com a perversa domesticação burra do atual cinema de mercado. Uma excitabilidade só pelo lixo em torno do espetáculo e da violência televisiva. E o paizão todo poderoso do dinheiro acabará sempre por justificar tudo. Dirão os seus ideólogos de prontidão: “Eu preciso botar dinheiro em casa e alimentar minha família!”. E está justificada a traição. É fácil. Foi sempre por aí. Mas também sempre foram medíocres e bajuladores de qualquer tipo de poder.

Felizmente, o cinema de Carlos Alberto Prates estabelece diferenças entre seus próprios filmes. Indo do realismo intimista de “Perdida” e "Noites do Sertão” ao enriquecimento vivo do bom humor em “Cabaré Mineiro” ou “Minas-Texas”,
em uma feliz tentativa de reencontrar o público não contaminado pela TV. Permito-me achar isso muito importante. Essa constatação de ainda ser diferente. De presentear o público com biscoitos finos. Prates é um criador de novas linguagens em uma constante insistência de reencontrar uma intencionalidade iluminada, doce e jovem. Trabalhando a exterioridade como semelhança com a interioridade rica dos seus personagens quase Fellinianos. E, como oposição no real, o idiota engravatado da repartição pública! Como dizia Nelson Rodrigues: “O grande acontecimento do século XIX foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota. Até então, o idiota era apenas o idiota e como tal se comportava... Não tinha ilusões”. Hoje, o idiota está no poder das políticas públicas ligadas à cultura do país. Pena. 

Claro que experimentadores sensíveis como Prates atrapalham a vivência suja do capital e seus bajuladores. E o idiota burocrata sente- se feliz em dificultar, atrapalhar, irritar e, se possível, até matar. Não fizeram isso com Paulo Cesar Saraceni? Morreu sem ter visto lançado seu último filme. Brasil, né? A verdadeira história do nosso cinema é traumática, baixa, suja e cheia de traições. No entanto, o que vai ficar é Glauber, Joaquim Pedro, Rogério Sganzerla, Fernando Amaral, Gustavo, Leon, para só nos limitararmos aos que infelizmente já partiram. Então, vejam com o coração aberto o rico trabalho que Carlos Alberto Prates desenvolveu ao longo dos anos. É coisa de louco e de resultados. Todos objetivos e subjetivos ao mesmo tempo. Se pararmos para pensar a vida de muitos cineastas durante anos, eles não terão conseguido um décimo dessas suas realizações poéticas instigantes no campo da arte, da cultura, do afeto, da generosidade e ajuda direta a amigos como Nelson Dantas, Maria Silvia, Luiz Fernando Sarmento, Tonacci, Carlos Brajsblat e tantos outros. 

Para concluir, o cinema mineiro brasileiríssimo de Carlos Alberto Prates sempre nos surpreenderá, pois sua encenação passa vivamente pelo humor, pela performance, por um reinventar de si mesmo como autor movido por erupções poéticas. Curiosamente, seu cinema me faz lembrar um precioso pensamento de Artaud, que diz: “Dilatar o corpo de minha noite interna.” E é por onde Prates explora suas percepções cênicas entre a intimidade soturna de “Noites do Sertão” e o humor de “Cabaré Mineiro”, não reduzindo nada ao banal. Sim, é preciso dar a este delicado cineasta espaço, trabalho e reconhecimento. Que não se faça com ele o que fizeram com Paulo Cesar Saraceni, e mais recentemente com Zózimo Bulbul, que já partiram. O cinema brasileiro precisa de todas as gerações, pois do contrário continuaremos escravos passivos da burocracia e das multinacionais de Hollywood e da TV. É preciso pôr um fim nesse domínio do quanto pior, melhor! 

Luiz Rosemberg Filho/Rô, RJ, 2013

Obs: A tradução do poema de Godard é de Mario Alves Coutinho.

 

 

 

 







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