Premiados na MFL 2009

Na noite de domingo, 26 de abril, numa lotada sala de cinema do CCBB Rio, aconteceu a sessão premiada da oitava edição da Mostra do Filme Livre. A sessão começou com a exibição do Making of do evento, mostrando o processo desde a curadoria de filmes até as sessões mais legais e cheias, sem esquecer os debates e etc. Depois foi a hora de apresentar o Umbigo Group, idealizador dos inutencílios, peças como os troféus da MFL. O vídeo mostrou um pouco do processo de fabricação das peças, desde a compra do material em fornecedores credenciados até o uso de fornos industriais e o manuseio final de equipes especialmente treinadas para trazer de volta ao mundo o que já estava no limbo. Depois, com a presençao física do Sr. Pureza (na foto ao lado entre Guiwhi e KZL), finalmente teve início a premiação, com direito inclusive a sorteio para entrega do prêmio aleatório, foi mais ou menos assim:

Na categoria FILME LIVRE!, focada em filmes realizados sem apoio estatal direto, o grande destaque na definição do júri foi o longa-metragem "SISTEMA DE ANIMAÇÃO", de Alan Langdon e Guilherme Ledoux, de Santa Catarina, pois:

"As pessoas são mais importantes que o cinema". Essa frase de John Cassavetes justifica o prêmio dado não só ao filme, Sistema de Animação, mas também ao personagem principal, o músico Lourival Toicinho. Com uma estrutura simples e dinâmica o filme cativa não só pelo carisma de Lourival, mas especialmente por sua postura marginal, íntegra e autêntica com relação à indústria cultural e ao mercado das artes. Um artista livre, um filme livre, uma história de amor livre. Uma ode à loucura e à liberdade genuína dos loucos." (Gabriel Sanna, júri da MFL 2009)

e porque "com o dito boom do documentário no Brasil, temos assistido a uma proliferação de filmes sobre os assuntos mais diversos. Mas quantos deles guardamos no espírito quando saímos da sala? Quantos deles podem se orgulhar de revelar de fato algo do mundo com graça e propriedade? E quantos deles são capazes de realmente compreender seus personagens e deixar a imagem fundir-se a ele e a seu mundo? Sistema de Animação, não é, portanto, um “documentário”, é um filme livre que passeia pelo universo mítico de Toicinho, este fantástico sujeito que revira o mundo diante de nós, durante os minutos que dura a projeção." (Tatiana Monassa, júri da MFL 2009)

Assim, também foi concedido o prêmio especial do Júri para ´Toicinho`, personagem do filme ´sistema de animação`

O Curta "LAMENTO PAULISTA", de Pedro Dantas, São Paulo, recebeu Menção honrosa na medida em que "a cidade reinventada à margem de uma metrópole robótica, que não tem tempo de se olhar no espelho. Um choro rasgando o asfalto. Um grito em silêncio e um batuque pra espantar os caretas." (Gabriel Sanna)

O prêmio OFICINANDO, para filmes feitos em escolas e oficinas audiovisuais foi para o curta "Que cavação é essa?", de Estevão Garcia e Luis Rocha Melo, do Rio de Janeiro, pois "É sempre um prazer quando nos deparamos com a experimentação que não vem em fórmulas prontas, mas como um desafio. E quando este desafio apresenta-se também para o espectador, tirando-o do seu conforto e obrigando-o a se interrogar sobre o que vê, sabemos que temos uma obra realmente especial. Pois este filme nos traz tudo isso e ainda um pouco mais. Portanto, é pelo admirável apuro técnico, pela inventividade no diálogo com formatos pregressos de cinema, pela contundência do seu discurso, muito bem calibrado com uma fina ironia, e pela importância política das questões que levanta sobre a história do cinema brasileiro, que acordamos o prêmio Oficinando para Que cavação é essa?" (Tatiana Monassa)

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O curta “A Bela P”, de João Marcos de Almeida, Sâo Paulo, recebeu Menção Honrosa, sendo um "Encontro insólito entre Liquid Sky e os Kuchar Brothers destilando a cultura pop em técnicas televisivas surrealistas descontruidas de azul/vermelho em corpos pulsantes construtores de cinema de invenção autêntico. Coisa fina!!!" (Petter Baiestorf, júri da MFL 2009)

Já “Depois do Ovo, a guerra”, de Komoi Panará, do vídeo nas aldeias, Pernambuco, também recebeu menção honrosa pois "a simplicidade deste filme me fez sorrir" (Petter Baiestorf)

O Prêmio CARÍSSIMA LIBERDADE, destinado a filmes realizados com apoio estatal direto, foi merecido pelo longa-metragem "Boi Aruá", de Chico Liberato, da Bahia, pela "alegria de descobrir uma pérola escondida é sempre especial. Sobretudo quando ela vem à tona em meio a um festival, onde inúmeros filmes disputam um lugar ao sol. Pois este ano, esta pérola surgiu devido a uma das características mais bacanas da Mostra do Filme Livre: aceitar filmes realizados em qualquer ano. De 1983, período em que o cinema brasileiro encontrava-se um tanto sem rumo, nos chegou um filme único dentro do seu gênero, propondo de forma elaborada e inteligente a transposição de uma cultura popular bastante específica para um contexto cultural mais amplo, sem medo de enfrentar a miríade de questões que isto provoca. Por buscar numa manifestação autenticamente brasileira a matéria-prima de sua ficção e de sua forma, Boi Aruá constrói uma possibilidade de cinema que inaugura-se e encerra-se em si mesma, já que à parte de alguns curtas-metragens, a maioria em tom anedótico, a literatura de cordel nunca alimentou uma produção audiovisual de forma tão completa e bem-sucedida quanto neste filme. A ele concedemos, portanto, um prêmio especial de re-reconhecimento, neste ano de 2009, e os votos de que seja visto e conhecido por uma parcela muito maior de espectadores e cinéfilos brasileiros." (Tatiana Monassa, júri da MFL 2009)

No mesmo prêmio o filme "O fim da Picada", de Christian Saghaard, de São Paulo, foi escolhido porque "Filme com grana pública é prá isso mesmo, dar cutucadas nas nóias da sociedade brasileira. O Fim da Picada consegue traçar um curioso paralelo entre passado, presente e (talvez) futuro do Brasil com um deboche maravilhoso e várias cenas inventivas pra caralho. Talvez algumas pessoas possam se assustar com a alegoria e o folclore nacional presentes no filme, mas que nada, tá tudo bem amarradinho com uma inteligência que eu gostaria de ver mais vezes em filmes feitos com grana pública que se encaixam tão perfeitamente como cinema livre. Filmaço que merece uma distribuição bem feita (mas duvido que venha a ter)." (Petter Baiertorf, júri da MFL 2009)

Já o curta "Terra", de Sávio Leite, Minas Gerais, recebeu menção honrosa pois é um "Pequeno grande filme sobre as contradições da alma humana. Um poema ordinário sobre a mais extraordinária das nossas invenções: nós mesmos." (Gabriel Sanna, júri da MFL 2009)

Pra encerrar a noite foi sorteado o troféu aleatório, entre todos os filmes indicados aos prêmios, quem sorteou foi o Pureza, e o definido foi o curta "Atlântico", de Fabio Meira, do Rio de Janeiro.

Em breve confira aqui mesmo algumas fotos da MFL e desta incrível sessão premiada!

E saiba AQUI o que cada filme ganhou além do troféu LIVRE!

 







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