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Programação MFL 2015



14 anos

Capovilla 01 - Subterrâneo do Futebol e Bahia de Todos os Santos

CAPOVILLA: INVENÇÃO E REVOLUÇÃO NA LINGUAGEM

Em suas criticas de invenção, Jairo Ferreira anunciava em abril de 1970: ”Pronto para lançar: O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, uma terrível alegoria, um pesadelo do Terceiro Mundo, na certa um dos melhores filmes que se poderá ver em 70.“ Seu companheiro, fotógrafo, mentor e colaborador de diversos filmes da Boca do Lixo, Carlão Reichenbach já havia escrito em janeiro do mesmo ano: “O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, é felizmente uma alegoria tão evidente como um pontapé na virilha. Uma obra feliz, arrasadora, sobre a infelicidade do subdesenvolvimento. Não é só um filme nacional, é sul-americano terceiro-mundista. (…) Uma visão mais ampla desta desconcertante incursão à desgraça humana fica para quando o filme for entregue às salas comerciais. Fica aqui a expectativa de que você, público, não se deixe entregar à digestão de passatempos dominicais, e corajosamente permita que filmes como este lhe enfiem o dedo na goela. Vomitem logo, o Terceiro Mundo vai explodir.” Já o crítico Antonio Lima lamenta o contexto histórico: “Comercialmente, uma época péssima, historicamente, não. O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, entra em cartaz esta semana, no Cine Olido, com um concorrente duro no gosto do público: A Copa do Mundo.” Estes textos, lançado a véspera do lançamento de O PROFETA DA FOME (1970) são apenas algumas visões bem sugestivas da agitação / provocação e da força do segundo longa metragem de Maurice Capovilla (Professor de cinema, roteirista, produtor e muitas outras funções em diversos filmes da transição cinema novo / cinema de invenção / boca do lixo), um autor e tradutor de uma revolução na linguagem da ficção, usando alegoria e documentário como elementos em sinergia, potencializando a expressão maxima de Profeta da fome, mas recurso já anunciado em Bebel garota Propaganda (1967). O início da filmografia de Capô dialoga com uma tradição do documentário social: Subterrâneos de Futebol (1965) é um filme sobre a dialética da luta de classes na indústria do futebol no imaginário brasileiro. Capovilla filma como um torcedor de futebol, vibrando, gritando, chorando, as vezes em estado de choque ao ver seu time (Brasil) tomar uma surra nos campos do jogo da vida. Através de uma filmografia essencialmente política (sua postura política é sua estética), ainda percorre caminhos que encontram um certo lirismo numa visão sobre os marginais da sinuca e da contravenção, os bêbados e os desapropriados da grande cidade: Jogo da Vida (1977), passando por uma revolução no documentario televisivo (seus filmes cruzam constantemente a fronteira ficção e documentário, como Último dia de Lampião ), um quase filme-manifesto da sua visão sobre a arte livre e aberta, como diria Candeia: Harmada (2004). Na ativa aos 70 anos, Capovilla ainda é ainda uma expressão nova no contexto do cinema brasileiro. Não se trata de uma questão de idade, mas uma questão de liberdade. Chico Serra

Homenagem Paula Gaitán

18-06-2015 (Quinta-feira) 18h30 ( Duração: 80' ) CCBB - Teatro II / BH 14

Filmes da sessão

Título Duração UF Direção Público
SUBTERRâNEOS DO FUTEBOL 30' RJ Maurice Capovilla 14
BAHIA DE TODOS OS SANTOS 56' SP Maurice Capovilla 14


PREMIADO INÉDITO NO RJ PÚBLICO DA SESSÃO




Mostra do Filme Livre 2015 | Desenvolvimento: Rivello/Menta