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Programação MFL 2015



14 anos

Capovilla 04 - O jogo da Vida

O JOGO DA VIDA (ou: o filme que não tinha como dar errado)

Se há algo que me deixa feliz é quando me surpreendo com um filme. E quando o filme é brasileiro, fico ainda mais radiante. E foi assim que aconteceu: do nada resolvo ver O Jogo da Vida na retrospectiva que o FBCU estava fazendo sobre o cineasta e também professor Capovilla. E meus olhos pareciam não acreditar no que viam. “É isso mesmo? Como eu nunca tinha ouvido falar desta obra-prima?”, me perguntava.

Tentando explicar o meu assombro: além do talento de Capô (que eu investigava na época), o longa era a adaptação do livro mais consagrado do João Antônio. Ponto pro filme. O elenco contava simplesmente com quatro dos grandes atores do cinema brasileiro, interpretando papés paradigmáticos de malandros: Maurício do Vale era o representante mais autêntico (com terno de linho branco, chapéu etc), Gianfrancesco Guarniere como o proletário (como sempre) e Lima Duarte como um morador de rua. E os três saem de madrugada para enganar ótarios nas sinucas do subúrbio de São Paulo, já que estavam sem nenhum tostão no bolso. Ah, sim: e Jofre Soares faz uma ponta, como um dos possíveis trouxas a ser ludibriado.

Pra encrementar o time, Capô recrutou três craques da caçapa da época: Joaquinzinho da Silva, João Gaúcho e o fenomenal Walfrido “Carne Frita” dos Santos. Mas quem dá o show é a câmera de Dib Lutfi, que faz um dos melhores planos-sequência da História do Cinema Brasileiro. A montagem, de Mauricio Wilke, cruza a narrativa com flashbacks “inesperados”, que não são nem lembranças nem dados fundamentais para entender a trama; mas que compõe o mosaico que diz a respeito de cada um dos três malandros. E, além da trilha de Radamés Gnatalli, o filme encerra com uma canção original de Aldir Blanc e João Bosco, num momento de profunda reflexão dos personagens - cujos semblantes nitidamente se perguntavam, exaustos, se teria valido a pena aquela grande jornada noite a dentro.

Ou seja, O Jogo da Vida é uma obra iluminada, que não tinha como dar errado. Mas uma reflexão veio ao fim da sessão: como tal longa pode ser tão desconhecido? Dá até aquela vontadezinha egoísta que querer este filme “só pra você” (do tipo: “só eu conheço, você não conhece”...), mas... não. Por estas e outras que a MFL existe: temos que dar voz e espaço para obras como esta sejam cada vez mais difundidas e nunca esquecidas. O Jogo da Vida merece ter ainda o seu devido destaque na cinematografia brasileira. Christian Caselli

Homenagem Paula Gaitán

14-03-2015 (Sábado) 18h00 ( Duração: 90' ) CCBB - Cinema I / RJ 63

Filmes da sessão

Título Duração UF Direção Público
O JOGO DA VIDA 90' SP Maurice Capovilla 63


PREMIADO INÉDITO NO RJ PÚBLICO DA SESSÃO




Mostra do Filme Livre 2015 | Desenvolvimento: Rivello/Menta