MFL 2016 - Clique aqui para conferir!

Geru
SELECIONADO

Sinopse: Em seu aniversário de 100 anos, Zé Dias decide confiar sua vida à uma câmera.


Comentário da Curadoria
Por Cid Nader Há muitas belezas espalhadas pelo tempo todo em Geru: belezas naturais, da vida, da construção, na invenção híbrida que aproveita a figura central para fazer com que ela “represente-se” diante das lentes; beleza da luz que é sabiamente utilizada em sua potência suave, em suas variações pelo decorrer do período e pelo vagar entre ambientes externos e internos; beleza nas cores – quase sempre suaves – que advém dessa iluminação, e que parecem, de forma aparentemente “assim da vida”, representar o clima e estado de espírito que há em toda aquela situação filmada. Mas, essencialmente – e talvez sendo a razão para o raro alcance obtido por Fábio Baldo e Tico Dias -, o que predomina o tempo todo como o que conduz tudo e tudo o que acontece em tela é a beleza natural humana e espontânea de Zé Dias, numa data que obviamente faria tudo o que há no entorno ser santificado, por alguém que só por chegar a esse instante já ganha dos deuses o selo de santificação automática. E se pode parecer incongruente falar em extrema beleza humana gerindo os caminhos do filme, e classificá-la, também, como algo santificado (algo, a princípio, tão inumano), basta lembrar que o conceito do que é santo surge da idealização humana por algo que seria o justo, o inquestionável , que há de melhor a ser alcançado. Ver Zé Dias se benzendo num dado momento, ver o crucifixo sobre seu leito ou a imagem de Nossa Senhora na sala, automaticamente faz pensá-lo num ser de crenças em santos , e talvez remeta mais ainda a pensá-lo alguém santificado. Mas é que o trabalho deles em sua perseguição por uns dias, o desvendamento de um mundo novo ao espectador (de um mundo novo porque cada vez menos crível como ainda existente), batem de maneira tão suave na retina que levitar da cadeira se torna situação quase incontrolável. O trabalho foi árduo, no sentido de correção no que obtiveram, nas opções das imagens a serem as utilizadas, na bela captação de toda aquela luz que é metade da beleza do curta. O trabalho é notável a partir do instante em que – mesmo com a obtenção de atuação de Seu Zé, mesmo com os instantes em que revelam o aparato e fazem entre ele e o filmado uma espécie de diálogo (resgatando d’antanhos, situações que remetem aos tempos iniciais do cinema – mais antigos ainda que a vida do protagonista – e que elevam a câmera ao papel de coparticipe: há lá Bergman, pouco depois de um tabuleiro de xadrez ser resgatado de uma gaveta) trazendo-nos ao rés do chão para percebermos que o que está ali é, afinal, cinema – todo um fluxo de naturalidade foi obtido, sem que necessariamente a ideia deles tenha desejado outra coisa que não a cooptação total pela figura central, e ao mesmo tempo fazendo desse fluxo, pelo decorrer, parte do jogo que é da construção da obra nessa arte. Mas mesmo com as situações “artificiais” (cinema é artifício, grite-se sempre) citadas acima, e mesmo com o filme (evidentemente imposto por eles) colocado na tela do televisor, o que bateu mesmo nessas idas e vindas entre o que era fato real e fato real criado foi a sensação humana restada após (que se iniciou do download, na realidade, desde os primeiros instantes) o filme visto, o que restou foi a sensação de que quanto mais arriscadas se tente no cinema (e, aqui, essa busca do híbrido vai ao extremo), quanto mais controle se exerça sobre as partes, mais natural será o produto resultado: e o humano tentado vigerá mais pleno ainda, como foi neste caso. P.S.: há o ostensivo mundo do silêncio, e o sutil ruído da estrada; há a foto de festa; há Etta James... Fonte: CINEQUANON, http://www.cinequanon.art.br/

PROGRAMAÇÃO

Direção: Fábio Baldo e Tico Dias
Duração: 23min
UF/Ano: SP/2014
Classificação Indicativa: Livre
Equipe: Direção, Roteiro e Fotografia: Fábio Baldo Co-direção: Tico Dias Produção: Priscila Portella, Tico Dias Produção Executiva: Priscila Portella Montagem, Som e Finalização: Fábio Baldo
Elenco: Zé Dias
Contato: Fábio Baldo - fbaldo1@hotmail.com
   
   

(informações fornecidas pelos filmes no ato da inscrição online)





Mostra do Filme Livre 2015 | Desenvolvimento: Rivello/Menta