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Loja de Répteis
SELECIONADO

Sinopse: Aluisio ama a loja e seus animais.


Comentário da Curadoria
Por Cid Nader Quando se ouve comentários sobre um filme (principalmente se for curta-metragem) carregar em si diversos sentidos e possibilidades de interpretação diante do mote proposto, há de se deixar evidente que talvez essa seja a melhor maneira de trânsito de uma obra (se não a melhor, com certeza a mais bem-vinda) diante das sensações do público que atingiu. Toda e qualquer obra que não tenta se fechar para pensar-se aceita para fora da concepção do artista que a idealizou leva vantagens mil, de cara: isso pode ser no mundo das artes plásticas, no das escritas e outras tantas, mas com evidente ganho de campo por ser algo absolutamente coadunante com o princípio que o curta-metragem carrega em sua gênese, que está na busca de soluções para que trabalhos de imagens e sons sejam concretizados, sem o espaço por vezes modorrento e facilitador que horas e exposição possibilitam. Pedro Severien é diretor egresso de escola que privilegia a invenção (a pernambucana), mas que ao mesmo tempo parece bastante distante de algumas questões reincidentes na cinematografia atual de lá, criando obra que acumula filmes que nem sempre carregam sentidos unificadores de discussões: mas que carregam inventividade, ah isso sim – poder-se-ia dizer que se há autoralidade sendo construída pelo amontoado e pelo viés da inventividade narrativa. E aqui, em Loja de Répteis, partindo até de um pressuposto real, de embrião existente, partiu mais loucamente (bem-vindamente loucamente, diga-se) na direção de concretizar seu trabalho mais rico e complexo. Rico e complexo pela abundância de matizes que obtém de forma a seduzir totalmente o espectador que atenta demais ao olhar: há ali, por exemplo, um verdadeiro quadro (como se fosse obra de arte plástica pendurada num museu) na tomada inicial, com sombras, cores esmaecidas proporcionadas pelo roubo da luminosidade que a réstia de luz faz, semelhante ao que ocorre na retina e memória do pintor quando pinta ambiente escuro e sombreado, com utilização rara dos desenhos riquíssimos dos pisos em contrapartida ao couro escamoso e de pouca variação do jacaré que será “diversas figuras” centrais pelo decorrer. Rico e complexo nos belos zooms que intercalam com as tomadas fixas partindo de quase escuros, passando pelo breu para capturar figuras alvos por diversos instantes (a primeira delas, já antecipando a repetição do procedimento, cessando num aposento em frente, após traspassar corredor), feitas em linha reta e seca, de aceleração constante: se fosse para dar uma de crítico metido a sabido poderia insinuar que Pedro as executou pensando no caminhar do jacaré pelos aposentos com alvos definidos a serem alcançados – sendo que isso não tem importância diante da qualidade visual do obtido nessas execuções. Rico e complexo, também, na opção dos acordes musicais que preenchem os momentos maiores da banda sonora sem parecerem elementos invasivos descabidos, já que “agem” como se fossem o complemento mais natural para a estranheza do mote e para a idealização pictórica das tomadas. O curta, que não conta somente de um jacaré – há uma cobra, também, por exemplo -, cata o que é possível de elementos a solto, transita e transmite as possibilidades das figuras (humanas ou não) sendo passíveis de serem diversas, com forte carga de sexualidade, podendo ser interpretado quando da transposição de “gêneros”, na possibilidade dos toques, gosmas, sangue e fluídos interagindo com o perceptível calor que sempre remexe nos desejos e ações extremadas, e provocando, por diversas fontes, origens e destinos. Há algo mais estranho do que manter um jacaré em cativeiro? P.S.: detalhe genial para a música “Coração Materno” e seu momento de inserção no curta. P.S.2: ver o filme com som afinado e bem calibrado como aconteceu em Brasília (momento em que o texto foi feito) fez notar mais variantes no curta de Severien: impôs mais importância ao réptil menos “visível”, menos presente, a cobra – isso pensando-os, aos répteis, no campo de sua origem real de matéria e visual, já que o filme os trabalha por outras esferas e estruturas visuais (por ouros outros “corpos”) -; fez notar melhor, por uma compreensão melhor do texto, no que há em seus subtextos, a importância no que é da especulação imobiliária no Recife (algo que aproxima o diretor do que tem sido mote motriz da produção de lá dos últimos anos) pelo decorrer da história contada; além de fazer muito mais justiça estética ao que já era possante demais no visual, fazendo-o também bastante rigoroso nisso do desenho de som. Fonte: CINEQUANON, http://www.cinequanon.art.br/

PROGRAMAÇÃO

  • Dia 18-03-2015 (Quarta-feira)
  •    19:30 - Outro Olhar 7 (CCBB - Cinema II /RJ)   36
  • Dia 27-03-2015 (Sexta-feira)
  •    16:00 - Outro Olhar 7 (CCBB - Cinema I /RJ)   27
  • Dia 23-04-2015 (Quinta-feira)
  •    16:30 - Outro Olhar 7 (CCBB - Cinema /DF)   47
  • Dia 14-05-2015 (Quinta-feira)
  •    16:00 - Outro Olhar 7 (CCBB - Cinema /SP)   10
  • Dia 12-06-2015 (Sexta-feira)
  •    17:00 - Outro Olhar 7 (CCBB - Teatro II /BH)   22
Direção: Pedro Severien
Duração: 17min
UF/Ano: PE/2014
Classificação Indicativa: 16 anos
Equipe: Rroteiro e direção: Pedro Severien; Direção de fotografia: Beto Martins; Direção de arte: Juliano Dornelles; Figurino: Andrea Monteiro; Maquiagem: Alex de Farias; Montagem: Maria Cardoso e Pedro Severien; Música original: Vinicius Nunes, Piero Bianchi e Mateus Alves; Desenho de som: Carlos Montenegro; Mixagem: Pablo Lopessom; Direto: Simone Dourado e Lucas Ramalho; Direção de produção: Maria Cardoso; Produção executiva: Maria Caminha; Assistente de direção: Sâmia Emerenciano
Elenco: elenco Maeve Jinkings Fransérgio Araújo Cíntia Lima Dandara de Morais Giordano Castro Joana Gatis Ayla Alencar Laryssa Nascimento Souza Reginaldo dos Santos
Contato: Pedro Loureiro Severien - pedroseverien@gmail.com
   
   

(informações fornecidas pelos filmes no ato da inscrição online)





Mostra do Filme Livre 2015 | Desenvolvimento: Rivello/Menta