Sinopse:
O improvável duo de um fado para o saudoso convidado.
Justa posição poética. Aproximação de realidades distantes.
Encanto do encontro, graça do assombro. Litanias do luto.
Perda irreparável. Espectros e remanescências da imagem sobrevivente.
Musas da memória (MnemoCyne) conjuram a dor, saúdam a saudade. Da série "Apontamentos para uma AutoCineBiografia (em Regresso).
Comentário da Curadoria
Por Cid Nader Pensar que o trabalho de Carlos Adriano possa ser pensado hermético demais – direcionado somente a quem o conhece e reconhece o que houve de mais importante em sua vida -, principalmente no instante em que ultrapassa a barreira da graça entre a combinação de um “Desfado” e a dança sempre inacreditável de Ginger&Fred, para inserir flashs de seu amado Bernardo, risonho diante de algo que deve ter sido de apreciação comum e sapeca, consegue trazer ao topo de qualquer discussão a necessidade que se faz constantemente na cobrança de mais sagacidade e compreensão dos públicos diante do que não lhes é entregue mastigado e deglutido: deveria ficar evidente (e fica), mesmo para quem não o conhece, nem à sua vida, que há ali (aquela figura sorridente e envergonhada) alguém de seus meios, que essa pessoa se diverte e representa momentos de sua memória mais afetiva. Há no documentário (ou qualquer outra definição menos seca e dura que se poderia imaginar para o filme), toda essa utilização do pessoal para ser revelado além das quatro paredes de casa, mas com essa bela novidade notada nos dois filmes aqui comentados que refere ao máximo do apuro técnico, ao desejável cuidado com a arte do cinema: a combinação da música com a dança se faz de modo que não seria possível se não houvesse compreensão máxima da utilização das ferramentas, da compreensão mais elaborada do que é cinema. Não resultaria tão mais plástica do que já é pela capacidade dos dois dançarinos se não tivessem sido potencializados os contrastes no PB (como se Adriano tivesse “limpado” a película de onde retirou as imagens), se não houvesse a percepção de que a música cantada por Ana Moura conseguiria conduzir a dança passo a passo, sem equívocos ou mínimas falhas na composição do todo. E então acontece a contradança, uma nova chance, como são aqueles instantes oníricos que trazem imagens de felicidades perdidas e que lamentamos ansiosos por demais no momento do despertar. Enquanto aceleram-se as aparições de Bernardo – numa outra e proposital camada cromática -, com a certeza de que o apuro é inquestionável, o filme remete permitir que se tenha a certeza – desde lá do seu título – que todo um momento absolutamente pessoal passará a ser a vez maior dos registros do diretor – que já se retratava e às suas coisas em trabalhos anteriores. Fonte: CINEQUANON, http://www.cinequanon.art.br/ |
PROGRAMAÇÃO
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Direção: Carlos Adriano Duração: 6min UF/Ano: SP/2014 Classificação Indicativa: Livre Equipe: Direção, Montagem, Edição, Roteiro, Fotografia, Produção: Carlos Adriano / Música: Ana Moura (intérprete) e Pedro da Silva Martins (compositor) Elenco: Fred Astaire, Ginger Rogers, Bernardo Vorobow Contato: Carlos Adriano - adriano.carlos.ca@gmail.com |
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