Sinopse:
E hoje, tem o quê? Nada!
Lá o povo amanhecia e ia pra sua ilha. E aqui? Nada!
Da riqueza fomos pra pobreza. A gente não cria nada.
Achava que aquilo não ia acontecer não. Foi difÃcil pra todo mundo. Tanto chorava o grande, como chorava o pequeno. Rezando e chorando.
Eu vi minha famÃlia definhar. Aos pouquinhos, roubaram a gana, a vida.
Ela cortou os pulsos.
Ela, veneno.
Uma colega muito pra frente, 15 Diazepam, aà inchou.
Ela, remédio.
Ela pulou da torre. Duas vezes.
Um amigo: veneno. Após veneno, simplesmente colocou a corda no pescoço e, e, e... Não tem explicação.
Cheguei a tomar. 12 envelopes. Cada comprimido 850g.
Continuo tomando. Quatro anos. Viciada. Não consigo. Minha irmã tomou, melhora uma, outra adoece. Já é, comigo, o quarto na famÃlia.
Vamos voltar pra trás para a água levar nós também.
Dormir. Morrer.
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PROGRAMAÇÃO
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Texto Premiação“ "Olha só: vamos construir uma hidroelétrica que vai inundar a sua cidade e destruir a sua casa. Mas não se preocupe, pois já construÃmos um novo lugar para vocês e ainda melhor!". Deve ser muito fácil dizer isto. Mais fácil ainda quando o poder público impõe tudo na truculência, já que não é exatamente uma questão de escolha: você é obrigado a aceitar a situação. E não se leva em conta que toda uma população criou raÃzes nos seus lugares nativos; que existe toda uma questão de sustento ambiental dentro de uma região - e sem falar na memória afetiva que vai por água abaixo.
Pois é este tema espinhoso - e urgente - que trata De Profundis, de Isabela Cribari. Se valendo de depoimentos, filmagens contemporâneas, imagens de arquivo, câmeras subaquáticas e licenças poéticas, a diretora consegue expressar todo o drama da antiga população da Itacuruba - quando, em 1988, houve o remanejamento de todos os seus habitantes para construção da Barragem de Itaparica.
O foco do filme é a saúde mental dos remanescentes: é impressionante o número de pessoas diagnosticadas com depressão em uma cidade tão pequena. Não raro, muitos cometem suicÃdio. Ou seja, consequências quase inimagináveis para quem está distante disto tudo - como nós, por exemplo, morandos nos grandes centros urbanos.
E um dos grandes méritos do filme é trazer isso à tona, dando voz a estas pessoas que praticamente nunca tiveram a chance de expressar a violência que sofreram e abrindo uma ampla discussão sobre o tema.
E De Profundis consegue ser criativo e bonito plasticamente sem perder o foco da discussão: toda a inventividade do filme se soma a sensação de dor e de perda destas pessoas. O filme se encerra com um plano lindÃssimo de uma bela mulher em alto contraste se perdendo no horizonte de um rio; numa imagem sÃntese de tudo que este documentário representa.
Christian Caselli ”
Direção: Isabela Cribari Duração: 21min UF/Ano: PE/2014 Classificação Indicativa: 10 anos Equipe: Roteiro | Direção | Produção Executiva - Isabela CribariDireção de Produção e Coprodução - Germana PereiraDireção de Fotografia - Nicolas HalletSom direto - Simone DouradoAssistência de fotografia e montagem - Rafaella RuizMontagem VinÃcius NascimentoTrilha sonora - Guilherme Vaz Contato: Set Produções Audiovisuais - setproducoesaudiovisuais@gmail.com |
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