Sinopse:
Um retrato de uma famÃlia que vive na solidão de um mundo inóspito. Uma crônica Ãntima dos ritmos da vida cotidiana que muda e abre uma janela para uma beleza inesperada.
Comentário da Curadoria
Por Cid Nader ” Pela coragem em ser radical no plano-sequência de quase dez minutos no início - que parece não tratar de nada mais relevante do que da ‘vida’, afinal. Pela beleza da cena da mãe e filho andando na estrada ao lado da floresta. Pelos bichos sendo observados placidamente pela câmera no final: e suas reações e interações Por apresentar uma família, sem necessariamente criar mecanismos outros que não o da fluidez natural de suas vidas e tempos. Sofre o drama de ter quase meia hora de duração, mas todos os segundos tremendamente bem aproveitados”.. Fazendo parte de uma comissão de seleção neste ano deparei pela primeira vez com esse mais recente trabalho de Gustavo Beck: diretor que pouco se importa com caminhos facilitadores para que se admire suas obras, e que invariavelmente faz da observação do ser humano seu tema de repetição, mesmo que isso não seja a primeira coisa que salte á lembrança quando pensamos em sua obra. Havia um espaço para possíveis e fugazes justificativas sobre ter aceitado ou não o filme, e o pequeno textinho de acima foi o que constatei ter escrito no momento da visualização. Indo um tanto além nesse instante de tentar palavras a respeito do trabalho, agora revisto em tela grande e tudo mais dos conformes, e alertando para que a primeira coisa que salta á lembrança quando se pensa na obra do diretor é a definição “radicalismo”, fica mais evidente que o não dizer a mais nas primeiras sensações tem muito a ver com o modelo de cinema praticado por Gustavo, que especialmente nesse aqui se completa por si mesmo, se contando e às intenções dele de forma muito nítida – apesar de parecer que não – e direta. Porque se poderia dizer da opção pelos quadros, que são evidentemente definidos previamente e com pouquíssima movimentação das lentes por quase todo o percurso para a valorização dos seres e objetos que os entornam; porque se poderia falar no diafragma aceitando a luz mais chapada (quase esbranquiçada) por quase todo o tempo – já que estamos no Rio de Janeiro, de luz naturalmente chapada, que pode ser o “mote” também dentro dos ambientes fechados – e que só ganha sombras na floresta e na estrada do zoológico, quando se sai da observação basicamente humana para a dos animais; porque se poderia falar de uma vida que ganhou outra chance após deixar o Chile em tempos de ditadura ferrenha – Álvaro o fotógrafo que busca o Brasil e tem de passar por um novo momento em tempos em que os jornais param de circular, dependendo menos e menos de fotógrafos como ele – observado no filme em instante que é metafórico de sua vida e comportamento; porque se poderia dizer que é bastante sagaz a ideia de retirar do ser humano isolado pelos tempos a expressão “ilha”, para em tempos atuais, de tanta informação e ruídos alcunhá-lo como parte de um arquipélago, onde todos estão sempre próximos, e de alguma maneira ligados – mesmo a contragosto... Mas seria desenvolver sobre temas que se entregam por si, pelo filme, pelo relatado e placidamente mostrado. Obra que pode parecer radical, mas está bastante distante disso, na realidade, já que flui e permite ver o humano em diversas de suas questões e momentos, como parece apetecer ao diretor. Fonte: CINEQUANON, http://www.cinequanon.art.br/ |
PROGRAMAÇÃO
|
Direção: Gustavo Beck Duração: 28min UF/Ano: RJ/2014 Classificação Indicativa: Livre Equipe: Direção - Gustavo BeckFotografia - Lucas BarbiMontagem - Ernesto GougainSom - Fernando Henna; Daniel Turini Produção - Aranka Matits, Dominga Sotomayor, Luiza Cunha, Guilherme Coelho, Gustavo Beck Elenco: Ãlvaro Riveros, PatrÃcia Garcia, Giovane Garcia Riveros Contato: Gustavo Beck - gusbeck@gmail.com |
|