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Capovilla: Inven��o e Revolu��o na Linguagem

A cada ano a MFL homenageia um grande nome do nosso cinema de inven��o (cinema dito experimental, marginal e underground). J� foram contemplados cineastas como Andrea��Tonacci , Eliseu Visconti, Edgard Navarro, Helena Ignez, Jos� Sette, Joel Pizzini, Luiz Rosemberg Filho, Carlos Alberto Prates e Ana Carolina, entre outros. Em 2015 a homenagem ser� ao cineasta Maurice Capovilla, com a exibi��o de seus longas e debates nas quatro cidades sede.��No Rio o cineasta tamb�m dar� um curso sobre o cinema brasileiro (ver programa��o).

� � � � � � � Maurice Capovilla, o �Cap�� (como � chamado pelos amigos), possui uma ampla trajet�ria na defesa de um cinema de express�o livre, atuando n�o s� na realiza��o para cinema e televis�o, mas tamb�m como cr�tico e como professor. Como realizador, iniciou no document�rio, influenciado pelo argentino Fernando Birri e a Escola de Santa F�. Realizou �Subterr�neos do Futebol�, que integra o grupo de quatro m�dias-metragens produzidos por Thomas Farkas entre 1964 e 1965, e � um dos marcos pioneiros do �cinema verdade� no pa�s. Tamb�m teve destaque nos anos 60 e 70, como �Bebel, garota propaganda� (1968), �O profeta da fome� (cult-movie de 1970 estrelado por Jos� Mojica Marins, o famoso �Z� do Caix�o�, mas fazendo papel de um faquir) e �O Jogo da Vida� (1977, com Maur�co do Valle, Gianfrancesco Guarnieri e Lima Duarte). Realizou tamb�m o longa �O Boi Misterioso��e o Vaqueiro Menino� (1980).��Atuou tamb�m na televis�o, fez parte da equipe que criou os programas Globo Shell e Globo Rep�rter para a Rede Globo. Criou n�cleos de especiais na Rede Manchete e na Rede Bandeirantes, onde realizou a novela "O Todo Poderoso", musicais e s�ries de televis�o. Dividiu o roteiro de "Bubub� no Bobob�" (1980) com Marcos Faria. Foi diretor do Instituto Drag�o do Mar de Arte e Ind�stria Audiovisual do Cear�, entre 1996 e 1999. Como professor, possui importante experi�ncia no gerenciamento de cursos audiovisuais, como no Instituto Drag�o do Mar (Fortaleza) e no Acre. Em 2003, retoma ao longa de fic��o, com �Harmada�. Acaba de finalizar �Nervos de A�o�, sobre Lupc�nio Rodrigues e estrelado por Arrigo Barnab�, a ser lan�ado comercialmente em 2015 e que ter� exibi��es testes, com a presen�a do diretor, na MFL de Bras�lia, S�o Paulo e Belo Horizonte. � �Por Marcelo Ikeda



� � � � � �Em suas cr�ticas de inven��o, Jairo Ferreira anunciava em abril de 1970: �Pronto para lan�ar: O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, uma terr�vel alegoria, um pesadelo do Terceiro Mundo, na certa um dos melhores filmes que se poder� ver em 70�. Seu companheiro, fot�grafo, mentor e colaborador de diversos filmes da Boca do Lixo, Carl�o Reichenbach, j� havia escrito em janeiro do mesmo ano: �O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, � felizmente uma alegoria t�o evidente como um pontap� na virilha. Uma obra feliz, arrasadora, sobre a infelicidade do subdesenvolvimento. N�o � s� um filme nacional, � sul-americano terceiro-mundista. (�) Uma vis�o mais ampla desta desconcertante incurs�o � desgra�a humana fica para quando o filme for entregue �s salas comerciais. Fica aqui a expectativa de que voc�, p�blico, n�o se deixe entregar � digest�o de passatempos dominicais e corajosamente permita que filmes como este lhe enfiem o dedo na goela. Vomitem logo, o Terceiro Mundo vai explodir.�J� o cr�tico Antonio Lima lamenta o contexto hist�rico: �Comercialmente, uma �poca p�ssima, historicamente, n�o. O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, entra em cartaz esta semana, no Cine Olido, com um concorrente duro no gosto do p�blico: A Copa do Mundo.���

Estes textos, lan�ado a v�spera do lan�amento de�O Profeta da Fome�(1970) s�o apenas algumas vis�es bem sugestivas da agita��o / provoca��o e da for�a do segundo longa metragem de Maurice Capovilla (professor de cinema, roteirista, produtor e muitas outras fun��es em diversos filmes da transi��o cinema novo / cinema de inven��o / boca do lixo), um autor e tradutor de uma revolu��o na linguagem da fic��o, usando alegoria e document�rio como elementos em sinergia, potencializando a express�o m�xima de�O Profeta da Fome, mas recurso j� anunciado em�Bebel garota Propaganda�(1967). O in�cio da filmografia de Cap� dialoga com uma tradi��o do document�rio social:�Subterr�neos de Futebol�(1965) � um filme sobre a dial�tica da luta de classes na ind�stria do futebol no imagin�rio brasileiro. Capovilla filma como um torcedor de futebol, vibrando, gritando, chorando, �s vezes em estado de choque ao ver seu time (Brasil) tomar uma surra nos campos do jogo da vida. Atrav�s de uma filmografia essencialmente pol�tica (sua postura pol�tica � sua est�tica), ainda percorre caminhos que encontram um certo lirismo numa vis�o sobre os marginais da sinuca e da contraven��o, os b�bados e os desapropriados da grande cidade:�O Jogo da Vida�(1977), passando por uma revolu��o no documentario televisivo (seus filmes cruzam constantemente a fronteira fic��o e document�rio, como�O �ltimo Dia de Lampi�o), um quase filme-manifesto da sua vis�o sobre a arte livre e aberta, como diria Candeia:�Harmada�(2004). Na ativa aos 70 anos, Capovilla ainda � ainda uma express�o nova no contexto do cinema brasileiro. N�o se trata de uma quest�o de idade, mas uma quest�o de liberdade. � � �Por �Chico Serra




Mostra do Filme Livre 2015 | Desenvolvimento: Rivello/Menta