MFL 2018 - Clique aqui para conferir!


VANDO VULGO VEDITA Inédito* Selecionado PREMIADO


Vando (vulgo Vedita) não é visto faz um tempo nas ruas da Barra.
Direção: Adréia Pires, Leonardo Mouramateus
Duração: 20min
UF/Ano: CE/2016
Classificação Indicativa: 16 anos
Equipe: Produção Geane Albuquerque, Andréia Pires e Leonardo Mouramateus, Direção Andréia Pires e Leonardo Mouramateus, Roteiro Andréia Pires e Leonardo Mouramateus, Empresa Produtora Praia à Noite, Fotografia Victor de Melo, Montagem Tomás von der Osten, Trilha Sonora Banda Glamourings, Som direto Rodrigo Fernandes, Figurino Milton Sobreira
Elenco: BRUNA PESSOA, DANN CAMPOS, BIRA FELIPE, ELLEN GABRIELE, GABRIEL FARIAS, GETÃLIO CAVALCANTE, JACQUELINE PEIXOTO, LEONARDO WILLIAM, LUCAS GALVINO, LUCAS KAHLO, MACAKIN DAS GALÃXIA, MATEUS MESMO, MILTON SOBREIRA, SARA SÃNTIQUE, VERONIK VIOLENCIA
Contato: LEONARDO MOURA MATEUS - lmouramateus@gmail.com
Facebook: http://-
Website: http://-

Texto Premiação


a antitemática discurso-corpo

Vando Vulgo Vedita é uma deliciosa gastação. Seríssima e extremamente pontual se levarmos em conta o atual contexto do cinema jovem brasileiro: recebemos este ano centenas de filmes de temáticas urgentes como ocupações em escolas, manifestações de rua, golpes de estado e sobretudo as recorrentes formas de violência de gênero. Na maioria das vezes os filmes parecem secundários, ofuscados pelos seus próprios panfletos, sua linguagem midiática, e acabam se perdendo na vala-comum dos discursos imediatistas sem que de fato apresentem apontamentos estéticos relevantes. Para além da consistente trajetória de Leonardo Mouramateus, acompanhada desde o início pela MFL e bem reconhecida em alguns dos mais importantes festivais, há um frescor aqui revelado no despojamento com que o curta nos apresenta um grupo de amigos que parece ter tirado o dia para gastar. Num primeiro momento, identidades individuais são suprimidas em prol da coletiva quando todas as personagens ao mesmo tempo descolorem seus cabelos, num ritual de construção identitária bem próprio da juventude. A partir dali todos somos vandos (vândalos?) e o conjunto de experiências de cada um destes indivíduos passa a dar forma ao corpo ausente da personagem central, corpo da obra, o que nos é velado, sobre o qual pouco saberemos. Tal conjunto fica ainda mais flagrante na fluidez com que a câmera passeia naturalmente pelas figuras, nos induzindo a de fato ser mais um daqueles corpos estirados na faixa estreita de areia entre br e oceano, âburaco negro que engole tudoâ. Não é de maneira alguma um filme sobre aquelas pessoas, mas entre elas. Tal delicadeza, essa da intimidade do olhar tempo-morto que não intimida mas dá a ver com extremo afeto o mundo sobre o qual se lança, me parece fruto do encontro entre Mouramateus e Andréia Pires. Ela, há anos trabalhando com teatro de grupo, traz para esse filme a bagagem de um processo coletivo por natureza, bem mais horizontal do que costumam ser os sets de filmagem. Mais do que um filme autoral, vemos aqui um filme de mil autorias, ou de micro autorias, onde cada elemento vai se somando ao anterior na construção de um discurso-corpo libertário que possibilita a expressão suprema de todas as suas individualidades. As alegorias, delírios e desejos incontidos nesse raro encontro saltam aos olhos em cada plano, numa celebração catártica de tudo o que é possível quando um grupo de amigos resolve simplesmente fazer nada e gastar uma onda.

Gabriel Sanna













PROGRAMAÇÃO


(informações fornecidas pelos filmes no ato da inscrição online)